A presidente Jair Bolsonaro disse nesta quinta-feira (30) que o Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) “fechou o diálogo” com ele. E reiterou que não vai vacinar a filha mais nova, Laura, de 11 anos, contra o covid-19.
A agência assumiu posições contrárias às do presidente na pandemia. Nesta quinta-feira, o diretor-presidente da entidade, Contra-almirante Barra Torres, disse que os discursos de Bolsonaro contra a vacinação infantil incentivam a vi0lência* contra os técnicos.
Em seu “live” semanal nas redes sociais, Bolsonaro respondeu à pergunta de um jornalista da rádio “Jovem Pan News” sobre a notícia de que um juiz havia ameaçado retirar a custódia dos pais que não vacinaram seus filhos.
“Não vou vacinar a minha filha. Tem um deputado federal do PT que disse que vai chamar o Conselho Tutelar para ficar com a custódia da minha filha. Ele vai lá para ficar com a custódia da minha filha ”, disse.“ O que pretendo que aconteça no meu governo em relação à vacina para 5 a 11 anos é opcional […]. A justiça não tem que interferir em uma coisa dessas. “
O presidente disse que a cobiçada vacina é, “em muitos casos, emergência”. “A Anvisa demorou 31 dias para dar luz verde. Não vou falar mais da Anvisa aqui, porque fechou o diálogo”, disse. “Não dá mais para falar com o presidente da Anvisa. Ele tem a opinião dele, tem mandato, ainda está aí, espero que dê certo.”
A vacinação em crianças dessa faixa etária já é realizada em outros países, além de contar com o aval da Organização Mundial da Saúde (OMS), autoridades sanitárias e pesquisadores do país.
No início deste mês, Bolsonaro disse ser “inacreditável” a decisão da Anvisa de liberar a vacinação com doses da Pfizer para crianças a partir dos 5 anos. E ameaçou divulgar os nomes dos técnicos que analisaram o caso. Esses profissionais relataram ter recebido várias ameaças de pocketnaristas após o discurso do presidente.
Esta tarde, Barra Torres criticou o presidente pelas declarações, em entrevista ao jornal “Folha de S.Paulo”. “Não tenho dúvidas de que os dois depoimentos contribuíram muito para o número aproximado de 170 ameaças de mort3*, agressões físicas, violências de todos os tipos contra funcionários públicos e seus familiares que a Anvisa recebeu”, disse.
Na entrevista, Barra Torres também manifestou desacordo com a consulta pública que está sendo realizada pelo Ministério da Saúde sobre vacinação infantil.
“Não tenho dúvidas de que os dois discursos contribuíram muito para o número aproximado de 170 ameaças de mort3*, agressão física, vi0lência* de todos os tipos contra servidores e seus familiares que a Anvisa tem recebido”, disse o titular da Anvisa.
Bolsonaro reservou grande parte da transmissão para falar sobre vacinas. E ele disse que não entende a “ganância” por imunizantes.
“Não consigo entender esse desejo por vacinas. Não somos negadores. Compramos mais de 300 milhões de doses”, disse. “Nunca disse que a vacina seria obrigatória. Sempre disse que, no que depender de nós, a vacina é fornecida”.